Editorial
Este ano letivo teve três períodos repletos de novidades para todos aqui na EB1 do Bairro de São Miguel. As obras da escola cavalgaram até à sua quase conclusão e o espaço exterior já é todo nosso, novamente. Perdemos o rei do recreio – o enorme campo de jogos – mas recebemos de braços abertos a rainha – a estrutura de madeira e cordas que governa inúmeras horas de brincadeiras.
Esta reconquista a todos nos tem alegrado muito pois um recreio vasto, cheio de recantos e natureza é um palco mais do que perfeito para que se construam novas relações, se estreitem confianças e se desenvolvam amizades que durarão para sempre. Brincar é fundamental. Podíamos ficar por aqui e terminar este editorial sem escrever nem mais uma palavra porque, de facto, esta é talvez uma das ações humanas que mais validade terá durante toda a nossa vida. E em São Miguel toda a gente brinca. Isto não é algo exclusivo do mundo maravilhoso e encantado das crianças. Brincar pode ser uma ida ao cinema, ou então preparar um jantar para os amigos, ou até jogar com as palavras e escrever um texto, como este.
Mas brincar não é só um espaço lúdico, onde a interação social é a personagem principal. Em termos práticos, a brincadeira tem também o seu lado sério que se prende com a construção da personalidade, da resolução de conflitos e da imaginação. E é deste lado criativo, – de que já Rousseau falava já há 300 anos quando afirmava que «O mundo da realidade tem os seus limites; o mundo da imaginação não tem fronteiras» – que se desenvolve longe dos ecrãs, de que todos precisamos.
A alegria de termos um amplo recreio é a soma de tudo isto. Os seus principais utilizadores, que brincam por todo o lado, – e que gostavam que houvesse mesas com bancos para poderem fazer jogos de tabuleiro, ou outros trabalhos criativos, – serão os nossos futuros médicos, engenheiros, designers e jardineiros, num mundo bastante diferente daquele que agora temos. A sustentabilidade do brincar e a pegada ecológica que lhes estamos a deixar é um assunto que irá continuar a ocupar as nossas mentes, aqui na Revista do Sô Miguel. É um tema que não se esgota, é um assunto que nos preocupa. Não basta que se anulem as palhinhas quando são desnecessárias, ou que se levem sacos reutilizáveis ao supermercado. Não! Passa pela poupança energética e da água, passa pela mobilidade, passa pela redução de resíduos. Nesta edição, em que o brincar é o tema transversal, e com o último trimestre letivo terminado, esta publicação já tem os olhos postos no futuro e, lançamos um desafio a todos aqueles que estão aí, desse lado do ecrã, a ler-nos: desliguem e vão brincar. Até ao próximo ano letivo!
A Equipa Editorial