O Mundo Lá de Casa
Escrever sobre brincar é algo muito sério. Se calhar porque, aos poucos, vamos tomando consciência da importância do brincar e também porque nos vamos apercebendo que o brincar de hoje não é o brincar dos nossos tempos, que era tão óbvio e natural – em casa, na escola ou na rua. E se, por um lado, não temos como fugir do que é a realidade e o quotidiano dos nossos filhos, por outro temos também o dever de lhes transmitir como eram as nossas brincadeiras. No primeiro caso aprendemos a brincar daquele modo, e no segundo, ao ensinar, mostramos o prazer que nos dava e eles percebem bem isso. Para ambos precisamos de tempo – e isto, sim, é que é o mais complicado de arranjar por vezes.
Sempre quis que os meus filhos brincassem e sempre tentei ser algo selectiva nos brinquedos. Evitar algumas modas (o que nem sempre consegui) e apostar nos clássicos puzzles, legos e outros jogos de encaixe e construções, e muitos livros. Se o mais velho não fazia grandes teatros com os bonecos, o mais pequeno era o oposto e inventava muitas histórias (um tanto ou quanto bélicas, mas …). Parques de diversões, bolas, bicicleta, patins, trotinete. Rua quando possível.
Em casa cedo percebi que o tal tempo que eles queriam de mim, e eu não conseguia dar, equivalia a tê-los quase colados a mim … na cozinha!! Ora, aí havia um espaço que fazia as suas delícias (que, segundo parece, é genético) e que os fazia ignorar todos e quaisquer outros brinquedos: o armário das caixas e travessas de plástico. As cores, os tamanhos, as formas, o em baixo/em cima, a esquerda/direita, o longe/perto, (e, com mais dificuldade, o arrumar), foram aprendidos à conta do conteúdo daquele armário que eu não tranquei.
E as molas da roupa …!! Ah, quão fantásticas construções foram feitas com molas da roupa e quantas vezes me parecia que as molas desapareciam, lá de casa, quase com a mesma rapidez que o leite!
Não quer isto dizer que não vejam TV (só há uma em casa e às vezes é fonte de “discórdia”), joguem playstation (conseguimos que o mais velho só tivesse consola de jogos aos 7 anos, mas o mais novo já a teve desde sempre), ou andem com o tablet. Mas, por vezes, conseguimos fazer uma noite de cinema os quatro, ou um jogo de tabuleiro tradicional em que todos se divertem.
O mano mais velho brincou com coisas dos pais e da tia, e o mais novo com os de todos. Às vezes há “limpezas” – porque estão desajustados à idade – e uns guardam-se, outros dão-se e outros já encerraram o ciclo de vida.
Em suma, se quisermos, eles e nós, podemos continuar a aprender a brincar e a brincar aprendendo.
Carla Alves, mãe do André Alves, 3ºB
A loja de Brinquedos “Ursinho a Galope” surgiu da ideia de dois irmãos que desde sempre tiveram um gosto especial por brinquedos. Ambos professores de Educação Física e preocupados com a sustentabilidade e a forma como as crianças brincam nos dias de hoje, decidiram abrir uma loja que fosse buscar aqueles brinquedos intemporais que tanto os nossos pais como avós brincavam, mas sem perder o toque de contemporaneidade. Assim surgiu este cantinho de sonhos, cheio de brinquedos em madeira, sempre proveniente de fontes sustentáveis, bem como de brinquedos em tecido orgânico e biológico. Em grande parte os brinquedos existentes na Ursinho a Galope são produzidos na Europa, reduzindo assim as longas distâncias de transporte, conseguindo diminuir a pegada ecológica associada. Nesta loja não irá encontrar brinquedos de plástico nem os brinquedos com som ou luz, mas sim brinquedos que estimulem a imaginação das crianças e jovens, pois serão elas que terão de criar os seus mundos imaginários, produzir os sons e construir os seus reinos de fantasia. Aqui vai poder encontrar construções em madeira que fazem lembrar as construções dos nossos avós, jogos didáticos (jogos de mesa, dominós matemáticos, etc.), todo o tipo de brinquedos para bebés, resumindo, brinquedos dos 0 anos e sem limite de idade.
Quando puder faça uma visita, de certeza que não se vai arrepender e acredite um brinquedo comprado nesta loja quase de certeza que vai servir para os filhos dos seus filhos brincarem. Quem não brincou com um brinquedo que ficou dos pais? Tão bom que é.
Sérgio Ribeiro, professor de educação física